IV SIMPÓSIO SOBRE A SAÚDE DOS TRABALHADORES DA SAÚDE: “Fortalecimento das Redes de Cooperação”
Na implantação do novo modelo de atenção à saúde, inaugurado com o SUS, a ênfase na atenção à saúde foi direcionada da atenção hospitalocêntrica (centrada no tratamento e cura) para a atenção básica voltada para a promoção da saúde.
O novo modelo de atenção integral, descentralizada e circunscrita a um território, modificou os processos de trabalho em saúde e estruturou novas situações laborais com contextos, riscos e exposições à saúde diferentes dos espaços tradicionais de atenção (hospitais, clínicas e centros de saúde). Os modelos de contratação dos profissionais de saúde também se multiplicaram com o surgimento de inúmeras modalidades de contrato de trabalho e de seguridade social. Novas ocupações e cargos também foram criados. Com isto, novas exigências e demandas ocupacionais emergiram no setor saúde, com impactos ainda pouco conhecidos sobre a saúde dos trabalhadores.
Para avaliar esses processos de trabalho, os novos contextos laborais e suas consequências para a vida e saúde dos trabalhadores, estruturou-se uma rede de diálogo e discussão de pesquisadores de várias universidades públicas na Bahia.
Com base nas reflexões e discussões neste grupo elaborou-se um projeto de pesquisa intitulado “Condições de trabalho, de emprego e saúde de trabalhadores de saúde na Bahia” tendo como foco de análise as relações entre saúde e trabalho na atenção básica, com
a perspectiva de conformar arcabouço teórico e empírico para orientar medidas de intervenção nesse setor. Esta foi a primeira iniciativa conjunta gerada pelos esforços de grupos de pesquisa da UEFS, UESB, UFRB, UESC, UNIVASF e UFBA para o estudo das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores em diferentes contextos de desenvolvimento e construção do SUS. Nessa iniciativa pretendeu-se, por um lado, estabelecer métodos de investigação da realidade desses trabalhadores, com a construção e avaliação de diferentes instrumentos de diagnóstico das condições de trabalho e saúde, e, por outro, propor e testar modelos de intervenção, acompanhamento e monitoramento em saúde do trabalhador da saúde.
Em um momento de tantos ataques e ameaças ao direito constitucional à saúde e o seu modelo de atenção, conquistado com tantas lutas, o Sistema Único de Saúde, este simpósio pretende também ampliar a discussão sobre a necessidade de defesa do SUS e, nesse âmbito, a defesa das condições de trabalho dignas de saúde dos trabalhadores da saúde.
Vida longa a esta proposta de cooperação em defesa da vida, da cidadania e de luta pelo trabalho digno, capaz de promover alegria, prazer, satisfação, realização. Esperamos que esse IV Simpósio seja produtivo e que possamos trocar experiências e fortalecer nossos laços.
Esperamos ainda que a articulação e fortalecimento desta rede dêem visibilidade às questões sobre as condições e gestão do trabalho em saúde de modo a proporcionar ambientes de trabalho saudáveis, satisfação dos trabalhadores e maior qualidade na assistência prestada às populações.